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CONHEÇA A HISTÓRIA DE BRUNO OLIVEIRA, O DESENHISTA MINEIRO QUE ACABOU NA MARVEL
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Quem conhece um pouco de cultura pop não tem dúvidas: nunca se falou tanto sobre histórias em quadrinhos. Seja no papel, na televisão, nos desenhos e até no cinema, elas estão lá. Mas o que poucas pessoas sabem é que esses produtos requerem o esforço de diversos profissionais - e alguns deles, inclusive, são brasileiros.
Esse é o caso do brasileiro Bruno Oliveira, desenhista que já trabalhou em grandes empresas, como a Marvel, e agora está lançando uma história ilustrando a sua própria vida.
O início de uma paixão
Bruno Oliveira sempre foi apaixonado por histórias em quadrinhos, vivendo parte da sua infância mergulhado em revistas da Turma da Mônica – obra infantil criada pelo cartunista brasileiro Maurício de Souza.
Mas o desenhista só descobriu que ilustrar essas obras poderia ser uma carreira aos 12 anos de idade. “Desde então tudo, que eu fiz na minha vida foi direcionado pra isso”, revelou o artista.
Mas em um mercado tão competitivo, o jovem precisava se destacar – e a melhor maneira de fazer isso era buscando capacitação.
Nascido em Uberaba (MG) e criado em Uberlândia (MG), Bruno Oliveira não achou muitas opções de cursos voltados à atividade em sua cidade. “Se você quer se profissionalizar, entender o mercado e outras técnicas, é necessário ir para outra lugar.”
E foi isso que ele fez. Com 19 anos, Oliveira começou a frequentar uma famosa escola de desenho de São Paulo. Sem condições de se mudar para a cidade, o jovem viajava todos finais de semana em um período de quase 2 anos para a capital paulistana.
No período, foi preciso conciliar os seus estudos com trabalhos em pequenas empresas. Dentre as atividades desenvolvidas estavam ilustrações para pequenas editoras e agências de publicidade. “Qualquer coisa que me pagassem para desenhar, eu aceitava fazer.”
Cavando oportunidades
Enquanto desenvolvia suas atividades, o jovem ainda procurava uma chance de fazer o seu trabalho ser notado pelas grandes empresas.
Para isso, ele passava longos períodos de tempo escrevendo e-mails para editores de marcas famosas. Mas a oportunidade que mudaria a sua vida seria encontrada em 2011, em um lugar extremamente inusitado.
“Um editor, que morava em Nova York, postou um dia no Twitter: ‘Enquanto eu estou preso no transito, mandem perguntas’. Eu mandei desenhos.”, contou Bruno Oliveira.
O profissional, que estava a serviço da editora Marvel, adorou o trabalho do jovem. A partir daí teve início um longo período de troca de e-mails, onde o artista enviava os seus trabalhos e o editor os corrigia, dando dicas e anotações.
O primeiro contato presencial dos dois se deu na feira de cultura geek Comic Con Experience 2015, realizada em São Paulo. Foi só então que o artista foi contratado como freelancer pela empresa norte-americana.
Vida de freelancer
Com a chegada das grandes feiras geek no país e a popularização dos filmes de super-heróis, o interesse por esse setor anda em ascensão.
Mas quem deseja entrar nesse mercado precisa estar atento; essa não é uma atividade fácil.
Bruno Oliveira aprendeu essa lição na prática em seu primeiro trabalho para a Marvel, na edição nº21 de Deadpool, lançada em 2016.
Foram cerca de 60 páginas que precisavam ser elaboradas em 2 meses - cerca de uma página por dia. Além do prazo curto, a busca pela qualidade do produto era uma preocupação constante.
"Chega uma hora que você coloca na cabeça que existe uma página, e que ela precisa ser concluída antes de você ir domir. Não importa o que aconteça durante seu dia, esse prazo precisa ser cumprido".
O esforço rendeu frutos. Após Deadpool, Oliveira ainda colaborou para grandes títulos; como Amazing Spider-Man e Gwenpool.
What Now, Bruno?
Agora, com 33 anos, Oliveira está lançando uma história autobiográfica onde faz questionamentos em relação a própria vida e que rumos deseja tomar. Batizada de “What Now, Bruno” (em português, “E agora, Bruno?”), a revista será financiada por meio do site de crowdfunding Catarse.
A escolha da plataforma de financiamento coletivo não foi por acaso. A oportunidade de levantar o dinheiro necessário para a publicação independente do livro, aliada a abertura dada pelo site de se interagir com os seus financiadores, formaram o ambiente ideal para lançar o seu projeto.
A meta estipulada é arrecadar R$ 12 mil reais em um período de 45 dias. Caso o montante não seja alcançado, a quantia total é devolvida para o financiadores. “A plataforma funciona e é possível atingir esse valor. O complicado é conseguir atingir essas pessoas de modo que elas contribuam”.
Uma das estratégias adotadas pelo autor é divulgar uma série de histórias curtas gratuitamente em suas redes sociais. “Esse não é o conteúdo que vai ser impresso, mas uma história que aborda a campanha”.
Segundo o autor, a revista terá 60 páginas e usará o do humor para contar a sua jornada, assim como a de sua namorada, Débora.
“Antes de casar, eu não sabia de coisas que são consideradas simples pela maioria das pessoas porque eu passava o tempo todo desenhando. Quando eu decidi botar essas dúvidas no papel, vi que ficava engraçado”, disse.
A revista deve ser lançada em maio deste mês.