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Governo Bolsonaro: Quem são os nomes de ministros e altos funcionários já anunciados para a futura equipe
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A equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou mais um integrante do futuro governo. O filósofo colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, será o ministro da Educação.
Saiba quem são os nomes confirmados para a gestão, que assume em janeiro de 2019:
André Luiz de Almeida Mendonça (AGU)
O presidente eleito anunciou no Twitter que Mendonça foi nomeado o novo Advogado Geral da União.
Mendonça já trabalhou na AGU, onde foi Corregedor-Geral, Adjunto do Procurador-Geral da União e Diretor do Departamento de Patrimônio e Probidade, Coordenador de Medidas Disciplinares, Vice-Diretor da Escola da AGU e Procurador-Seccional da União em Londrina.
Atualmente é assessor especial da Controladoria Geral da União (CGU), responsável por coordenar as comissões de negociação dos acordos de leniência no âmbito da CGU.
O advogado é formado pela Faculdade de Direito de Bauru e fez curso sobre corrupção na Universidade de Salamanca, na Espanha.
Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional)
O general da reserva Augusto Heleno Ribeiro quase foi candidato a vice-presidente de Bolsonaro no lugar do general Hamilton Mourão, mas a intenção acabou frustrada por contrariar a estratégia eleitoral do seu partido, o PRP. Em entrevista ao Jornal Nacional logo após o primeiro turno, Bolsonaro chegou a se referir duas vezes ao seu vice erroneamente como "Augusto".
Heleno, que é general de quatro estrelas (general de Exército, no topo da hierarquia), deve assumir o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), substituindo o general Sérgio Etchegoyen.
O general Heleno se formou na Academia Militar das Agulhas Negras com o primeiro lugar na turma de cavalaria em 1969 - oito anos antes, portanto, que Bolsonaro. Tornou-se conhecido do grande público ao ser nomeado o primeiro comandante militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), liderada pelo Brasil, cargo que ocupou de 2004 a 2005.
Depois, assumiu, em setembro de 2007, o Comando Militar da Amazônia (CMA), um dos postos mais prestigiosos do Exército. Menos de dois anos depois, porém, foi removido após chamar a política indigenista do governo Lula (2003-2010) de "caótica" e dizer que a demarcação contínua da reserva Raposa-Serra do Sol era uma "ameaça à soberania nacional".
"Demarcações de terras indígenas baseiam-se em laudos antropológicos forjados. Os índios seguem abandonados e servem como massa de manobra de interesses escusos de ONG estrangeiras", afirmou, quando já estava aposentado, em entrevista a uma pesquisa da USP.
Encerrou sua carreira no Exército no burocrático Departamento de Ciência e Tecnologia, de onde saiu em 2011. No discurso de despedida, elogiou o golpe militar de 1964 ao se referir à memória do pai, que também serviu às Forças Armadas: "Lutastes, em 1964, contra a comunização do país e me ensinastes a identificar e repudiar os que se valem das liberdades democráticas para tentar impor um regime totalitário, de qualquer matiz".
Após deixar o Exército, onde chegou a chefiar o Centro de Comunicação Social, enveredou para a área de mídia. Foi consultor de segurança e assuntos militares da TV Bandeirantes e também dirigiu a Comunicação e a Educação Corporativa do Comitê Olímpico Brasileiro.
É apontado como conselheiro de Bolsonaro na área de segurança e, assim como ele, defende que os policiais tenham poder para executar criminosos armados. "Eu vou ter morto sim, mas vou ter morto do lado certo", afirmou em entrevista a rádio BandNews no início do ano.
Carlos von Doellinger (Ipea)
O economista Carlos von Doellinger foi indicado por Paulo Guedes para presidir o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Pesquisador aposentado da instituição e economista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), von Doellinger foi secretário do Tesouro Nacional, presidiu o Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj) e já integra a equipe econômica de transição do futuro governo.
O instituto tem a função de dar suporte técnico ao governo para a formulação e de políticas públicas e programas de desenvolvimento.
Érika Marena (DRCI)
A delegada federal Érika Mialik Marena assume o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, área responsável pela cooperação com outros países em questões penais.
Atualmente é Superintendente da Polícia Federal em Sergipe.
Marena teve papel importante no início da Lava Jato e foi responsável por cunhar o nome da operação.
Mais recentemente, comandou a operação Ouvidos Moucos, que prendeu o então reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, por suspeita de corrupção. O então reitor, que se dizia inocente, se matou. Mais tarde, reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que o relatório final da PF não apresentou provas de que Cancellier tenha se beneficiado do suposto esquema de desvio de verbas.
Ao anunciar seu nome, Moro foi questionado por jornalistas sobre o episódio. "A delegada tem minha plena confiança. O que aconteceu em Florianópolis foi uma tragédia, algo muito trágico, e toda minha solidariedade aos familiares do reitor, mas foi um infortúnio imprevisto no âmbito de uma investigação, a delegação não tem responsabilidade quanto a isso", disse o ministro.
Ernesto Araújo (Relações Exteriores)
O embaixador de 51 anos é atualmente diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos.
O embaixador tinha um blog onde expunha suas opiniões contra o PT e elogios a Jair Bolsonaro.
Na descrição de si mesmo, escreveu: "Sou Ernesto Araújo. Tenho 28 anos de serviço público e sou também escritor. Quero ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. É um sistema anti-humano e anti-cristão".
No mesmo blog, escreveu que a causa ambiental foi "pervertida" pela esquerda.
"O climatismo juntou alguns dados que sugeriam uma correlação do aumento de temperaturas com o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, ignorou dados que sugeriam o contrário, e criou um dogma 'científico' que ninguém mais pode contestar sob pena de ser excomungado da boa sociedade", escreveu o novo chanceler.
Em artigo intitulado "Trump e o Ocidente", publicado na revista de Política Externa do Itamaraty, elogia Donald Trump, que compara a Ronald Reagan e Winston Churchill.
Fernando Azevedo e Silva (Defesa)
O futuro ministro da Defesa do governo Jair Bolsonaro é general da reserva e foi assessor do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.
Foi chefe do Estado-Maior do Exército e esteve à frente da Autoridade Pública Olímpica durante o governo de Dilma Rousseff
Azevedo e Silva também foi chefe da assessoria parlamentar do Comando do Exército de 2003 a 2004.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Azevedo e Silva disse que as Forças Armadas estão "vacinadas" em relação à política. "Estamos muito vocacionados para nossa atividade-fim, que é cumprir o Artigo 142 [defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem]."
Joaquim Levy (BNDES)
O futuro presidente do BNDES foi nomeado ministro da Fazenda por Dilma Rousseff para seu segundo mandato e anunciado pouco depois de a presidente se reeleger. O cargo era ocupado até então por Guido Mantega.
Levy administrava na época um dos braços do banco Bradesco, o Bradesco Asset Management, e teria sido escolhido depois de o então presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco, ter declinado o convite para o mesmo cargo.
Ex-aluno do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, ele é visto como um adepto do liberalismo econômico, que prega uma menor intervenção do Estado na economia, filosofia criticada por Mantega.
Levy assumiu o ministério de Dilma com a missão de recuperar o quadro econômico do País, quando a inflação rondava o teto de 6,5% estabelecido pelo Banco Central, a economia estava quase estagnada e o governo já admitia que não deveria atingir as metas fiscais.
Doze meses depois, a situação havia piorado, e a economia enfrentava sua pior recessão desde os anos 1990, com um desemprego crescente, inflação de cerca de 10% e uma retração de 3,8% do PIB, o pior resultado em 25 anos.
Levy acabou sendo substituído pelo então titular do Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa. Um mês depois, foi nomeado diretor financeiro do Banco Mundial em Washington, onde estava até agora.
Engenheiro naval de formação, com mestrado e doutorado em economia pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, Levy trabalhou no início de sua carreira no Fundo Monetário Internacional e foi vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Já teve duas outras experiências na gestão pública antes de integrar o governo Dilma. Foi secretário de Fazenda do governo de Sérgio Cabral no Rio de Janeiro, entre 2007 e 2010, e comandou o Tesouro na gestão do ex-ministro Antonio Palocci, de 2003 a 2006, durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Luiz Mandetta (Ministério da Saúde)
O deputado do DEM do Mato Grosso do Sul é ortopedista e foi secretário de Saúde em Campo Grande entre 2005 e 2010, quando saiu para candidatar-se a deputado federal, cargo que ocupa desde então.
Desistiu de concorrer à reeleição em 2018. Médico pediatra, disse em 2013 que a vinda de cubanos para o Mais Médicos era um "navio negreiro do século 21".
Coube à deputada Carmen Zanotto (PPS-SC) fazer o anúncio de sua indicação. "O nome dele (Mandetta) já tinha sido ventilado pelo Bolsonaro como possível ministro, na imprensa, há alguns dias. Na semana passada, a Frente Parlamentar da Saúde (FPS) e outras frentes da área se reuniram na Câmara para discutir. Ele tem o apoio das frentes. Tem também o apoio dos hospitais filantrópicos e das entidades médicas", disse ela à BBC News Brasil, depois do anúncio oficial.
Sul-matogrossense da capital Campo Grande, Mandetta é médico formado pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro (RJ). Em seguida, no começo dos anos 1990, fez residência no serviço de Ortopedia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) - o serviço era chefiado pelo pai dele, o também ortopedista Hélio Mandetta, que foi vice-prefeito de Campo Grande, nos anos 1960. Poucos anos depois, fez uma especialização em ortopedia infantil em Atlanta (EUA). Ainda nos anos 1990, trabalhou durante alguns anos como médico do Exército, no posto de tenente.
Mandetta entrou para a política em 2005, assumindo a Secretaria de Saúde da cidade de Campo Grande, no governo de Nelson Trad Filho (MDB), conhecido como Nelsinho Trad. Antes, de 2001 a 2004, foi presidente da Unimed de Campo Grande. Em 2010, candidatou-se para seu primeiro cargo público, o de deputado federal. Foi eleito com 78,7 mil votos. Já no primeiro ano de mandato foi escolhido por seus pares como presidente da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), uma das mais importantes da Câmara.
Em 2014, reelegeu-se deputado federal com 57,3 mil votos. Naquele ano, o deputado recebeu uma doação de R$ 100 mil da Amil, uma operadora de planos de saúde - o valor representa menos de 5% dos R$ 2,1 milhões que ele declarou ter arrecadado naquele ano.
Politicamente, Mandetta integra o grupo político da futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS). Pesaram na indicação dele os apoios de entidades da área médica e de hospitais filantrópicos, como as Santas Casas, além de deputados ligados à área da saúde e que apoiarão o governo Bolsonaro. Além de Cristina, Mandetta teve o aval do ministro extraordinário da transição, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Apesar disso, o Democratas trata as indicações como escolhas pessoais de Bolsonaro.
Por conta de seu trabalho como secretário de Saúde de Campo Grande, Mandetta responde a um inquérito que investiga suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois - a investigação gira em torno da implementação de um sistema de prontuário eletrônico. Segundo uma auditoria da Controladoria-Geral da União de 2014, o pagamento foi feito, mas o sistema não foi instalado. Mandetta nega irregularidades.
O futuro ministro comandará a pasta com um dos maiores orçamentos da Esplanada. Em 2019, estarão reservados cerca de R$ 128 bilhões para a Saúde.
Mansueto Almeida (Tesouro)
Atual secretário do Tesouro Nacional do governo Temer, Almeida permanecerá no governo Bolsonaro. Antes de se tornar secretário do Tesouro, ocupava o cargo de secretário de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria do ministério da Fazenda.
É economista licenciado do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), especialista em contas públicas, e é visto como alguém com bom conhecimento sobre previdência, área que é um dos principais desafios que o próximo governo enfrentará.
Mansueto defende que é urgente mudar as regras previdenciárias. Sobre impostos, Almeida acha que a carga tributária, hoje equivalente a 30% do Produto Interno Bruto, não deveria aumentar. "Para ele, não há como o país suportar uma elevação da carga tributária sem ter aumento de produtividade. "Teremos de tomar uma decisão difícil, mas que será benéfica a todos", disse, em seminário do jornal Valor Econômico, em dezembro de 2017.
Nas eleições de 2014, atuou na campanha de Aécio Neves participando da equipe criada pelo economista Arminio Fraga.
É bacharel pela Universidade Federal do Ceará e mestre pela Universidade de São Paulo.
Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia)
O engenheiro e astronauta Marcos Pontes chegou a ser cotado para vice-presidente de Bolsonaro - cargo que acabou ficando com o general Hamilton Mourão.
Sua indicação para o Ministério de Ciência e Tecnologia, porém, há meses ganha força.
Em um vídeo publicado em seu canal no YouTube em abril de 2017, Bolsonaro o apresenta como "colega da Aeronáutica, colega astronauta e motivo de orgulho para o Brasil, que também esteve na Nasa" - e "chegou lá por mérito".
"E nós carecemos muito de gente com essa visão, né? De ser cientista, de ser pesquisador, no caso dele um astronauta".
Bolsonaro pergunta então a ele se "país sem tecnologia está condenado a ser escravo de quem a tem". Como resposta, ouviu um "sem dúvida, aliás, educação, ciência e tecnologia têm importância primordial no desenvolvimento do país".
Em 19 de outubro, em entrevista ao Jornal da Band, Bolsonaro afirmou que estava na iminência de se acertar com o astronauta para o ministério, destacando que ele "é um conhecedor com profundidade do que acontece na ciência e tecnologia do Brasil, ou melhor, do que não acontece", além de ser "patriota, ter conhecimento, vontade de mudar as coisas e uma iniciativa muito grande".
Em 2006, a missão espacial da qual Marcos Pontes participou, ligada à Estação Espacial Internacional, custou ao Brasil US$ 10 milhões, gerando questionamentos de parte dos pesquisadores sobre o valor científico para o país. A saída de Pontes à reserva militar, meses depois, para se dedicar a dar consultorias e palestras e se envolver na política, também despertou críticas.
Bolsonaro teceu elogios ao astronauta em carta à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e à Academia Brasileira de Ciências (ABC). O texto apresenta propostas à comunidade científica e acadêmica e reforça que o "engenheiro, que também é astronauta, foi escolhido" (para as funções que já ocupou) por meritocracia e não por "toma lá da cá".
Bolsonaro afirmou ainda, no texto, que os investimentos do Brasil na área são tímidos, que devem ser estimulados e que o provável novo ministro "tem esse conceito sistemático bem presente nas suas propostas, além de ter ótimas relações internacionais, o que nos traz boas perspectivas de cooperações lucrativas para o país".
Nascido em São Paulo, em 1963, Marcos Pontes é mestre em Engenharia de Sistemas, engenheiro aeronáutico, piloto de testes de aeronaves e astronauta. Ele entrou na Força Aérea Brasileira em 1981. Em 1998, passou em um concurso público da Agência Espacial Brasileira (AEB) para representar o Brasil na Nasa na função de astronauta. Se tornou o primeiro astronauta brasileiro.
Essa não é sua primeira investida no campo político.
Em 2014, ele foi candidato a deputado federal de São Paulo pelo PSB, mas não foi eleito. Em 2018, era candidato ao cargo de 2º Suplente de São Paulo pelo PSL na coligação São Paulo acima de tudo, Deus acima de todos.
Maurício Valeixo (Polícia Federal)
Escolhido pelo futuro ministro da Justiça Sergio Moro, o delegado é o atual Superintendente da Polícia Federal no Paraná. Foi Diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado de 2015 a 2017. Antes disso, passou dois anos como adido policial na embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos.
Foi responsável pela operação que prendeu o ex-presidente Lula. Também foi na sua gestão que foi fechada a delação premiada de Antônio Palocci com a PF.
A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) divulgou nota felicitando o delegado Maurício Leite Valeixo pela indicação. "Valeixo possui sólida carreira no órgão e reúne todas as condições necessárias à condução da corporação para as missões que se vislumbram, com integração e aproveitamento de todas as virtudes dos servidores, focando na atuação republicana da instituição, livre de interferências políticas e garantindo a autonomia das atividades de investigação e da produção de provas."
Onyx Lorenzoni (Casa Civil)
Um dos mais ferrenhos opositores ao PT na Câmara dos Deputados e apoiador de primeira hora da candidatura de Bolsonaro, o deputado federal reeleito Lorenzoni deve ocupar o cargo de ministro-chefe da Casa Civil no novo governo.
Contrariando a orientação do seu partido, que no primeiro turno apoiou a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), o parlamentar gaúcho é articulador da campanha do presidente eleito desde 2017. Há cerca de um ano, começou a realizar jantares em sua casa em Brasília a fim de atrair outros parlamentares e construir uma frente suprapartidária de apoio ao capitão reformado.
Lorenzoni, de 64 anos, é médico veterinário e iniciou sua atuação política como dirigente de entidades da categoria no Rio Grande do Sul. Ele é sócio do Hospital Veterinário Lorenzoni onde, por mais de 20 anos, atuou como clínico e cirurgião de pequenos animais.
Após dois mandatos como deputado estadual, chegou em 2003 à Câmara Federal, quando se tornou amigo de Bolsonaro. Chegaram a ser colegas de partido por um período. "É um pouco radical, tem umas ideias de que eu discordo, mas é uma pessoa que respeito. Liderei o Bolsonaro quando fui líder do Democratas em 2008. Comigo, ele foi nota dez", disse em entrevista de abril de 2017 ao portal Congresso em Foco.
Assim como o novo presidente, o parlamentar batalhou na Câmara pela flexibilização do Estatuto do Desarmamento e pela aprovação do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Defendeu que seu partido não assumisse cargos no governo Michel Temer (MDB), mas a posição acabou vencida.
No final de 2016, ganhou destaque como relator do projeto de lei elaborado pelo Ministério Público que ficou conhecido como Dez Medidas Contra a Corrupção. À sua revelia, a proposta acabou desfigurada no texto final aprovado na Câmara e, depois, empacou no Senado.
Apesar de sua postura incisiva pela moralidade na administração pública e na política, foi citado na delação premiada da JBS como receptor de R$ 200 mil para caixa dois eleitoral. Lorenzoni preferiu admitir que havia recebido recursos não declarados para cobrir gastos de campanha, segundo ele em valor menor, de cerca de R$ 100 mil, mas afirmou que não houve contrapartida a essa doação, nem dinheiro público envolvido.
Após essa revelação, ele tatuou no braço o versículo bíblico: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
"Por que eu tatuei isso? Para nunca mais errar", disse em entrevista a uma rede de TV de Cachoeira do Sul (RS).
"Entre carregar uma mancha que me macularia pela vida toda, eu resolvi ter uma cicatriz", acrescentou.