07/12/18 09:36:08
“VAMOS MANDAR A FAVELA PARA O MUSEU ANTES DE MUSK CHEGAR A MARTE, SENÃO SERÁ UMA DERROTA HISTÓRICA”
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Nascido na quebrada. Infância na favela. Fome. Mãe diarista com pouco estudo. Pai na cadeia. Essa história faz parte da vida do empreendedor social Edu Lyra. Mas Edu Lyra é muito mais. Ele não deixou tais circunstâncias ditarem seu futuro. Fundou o instituto Gerando Falcões. Com mais de 20 programas sociais, a entidade hoje atende a milhares de famílias de comunidades carentes com projetos de educação, cultura e geração de renda.
A grande inspiração do paulista foi sua mãe. Foi ela que lhe deu a lição que ele hoje se dedica a espalhar pelo Brasil: não importa de onde você vem, mas para onde vai. Você é maior do que o barraco, do que a fome, do que o presídio. Você pode tudo.Edu ficou craque em fazer o que chama de “a ponte entre a favela e a Faria Lima”. Conseguiu levar empresas como Microsoft, Ambev e Oracle para a periferia. “Eu cresci num lugar de conflito extremo. Mas o que não te mata te fortalece. Se eu escapei, por que não posso ajudar os outros a fazer o mesmo?”. A provocação deu início nesta quinta-feira (06/12) à sua apresentação no Festival de Inovação e Cultura Empreendedora (FICE), realizado por Época NEGÓCIOS, Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Valor Econômico.
Edu Lyra não poderia concordar mais com a mensagem. “O lugar de onde você vem não pode te condenar. Se o meio quer te condenar a ser bandido, lute. Diga: não serei o que o meio quer que eu seja, eu que vou definir para onde vou. Isso é liderança”, afirma. “Liderança não é diploma. Não é universidade ou ter conhecido o mundo inteiro. É uma posição, uma visão. Não é olhar para o passado e chorar por tudo que deu errado. É sempre mirar o futuro e os próximos passos.”
Não que seja fácil. Muito pelo contrário. “O desafio do líder é enfrentar a crise que vem de dentro. Aquela que diz que você é negro, pobre, filho de bandido e não vai conseguir. É olhar para si mesmo e reafirmar que quem está no controle é você. Com autoestima, pode vir o que for que você dará conta”, diz Lyra. “Se a gente não acredita, não avança”.
E foi por acreditar que o empreendedor social criou o Gerando Falcões. Mas a trajetória de sucesso da ONG também teve seus percalços e o instituto só decolou quando Lyra começou a criar suas pontes. “Fiquei muito tempo ilhado na favela. Tentava causar transformações e não dava certo. Foi quando percebi que a sociedade estava muito dividida entre muros”, afirma. “Hoje, eu sou um pontífice. Enquanto o Papa faz a ponte entre os homens e Deus, eu faço entre a favela e a Faria Lima”.
Num desses encontros com o pessoal da Faria Lima, o empreendedor social foi perguntado se os traficantes eram hoje concorrentes do Gerando Falcões. A resposta? “Não. Eu concorro com o Elon Musk. Vamos mandar a favela para o museu antes que Musk chegue a Marte, senão será o maior tapa na cara da humanidade da História”. Difícil discordar.