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Como as empresas de tecnologia estão coletando dados de seus filhos na internet
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Elas fazem o maior sucesso na internet, e seus pais adoram postar suas fotos nas redes sociais. À primeira vista pode parecer algo comum e inofensivo, mas a exposição dos filhos no mundo virtual pode ser um prato cheio para as grandes empresas de tecnologia quando o assunto é compartilhamento de dados.
O estudo Who Knows What About Me (Quem sabe o quê sobre mim?), da Comissária infantil da Inglaterra Anne Longfield, que atua na promoção dos direitos das crianças, alerta sobre os riscos envolvidos no compartilhamento de informações pessoais através de grandes empresas de tecnologia.
De acordo com o estudo, um número inimaginável de informações estão sendo disseminadas de maneiras novas por conta do surgimentos de tecnologias inteligentes. No caso das crianças, esse fenômeno pode ter um impacto maior, uma vez que elas já nasceram na era digital. Segundo Longfield, quando as crianças nascem, as marcas possuem diferentes maneiras de colher informações sobre elas.
Os perigos do Sharenting
A prática de compartilhar nascimentos no Facebook revela como os pais estão voluntariamente doando informações sobre seus filhos. Especialistas citados no relatório mostram que esse tipo de hábito abre possibilidades para o roubo de identidade, como relatórios criminais em que dados que estavam escondidos até crianças completarem 18 anos foram usados em pedidos fraudulentos de cartões de crédito e empréstimos. De acordo com a Barclays, até 2030, a prática do sharenting, nome dado a junção de "share" (compartilhar) e "parenting" (parentalidade), será responsável por dois terços do volume de fraudes de identidade enfrentada por jovens com mais de 18 anos.
As empresas estão atentas ao conteúdo que as crianças consomem em redes como YouTube e Facebook. Esse tipo de informação é usada para prever o que os compradores gostam, permitindo que empresas direcionem anúncios para as crianças e pais.
O estudo também traz possibilidades sobre o futuro da segurança de dados. Longfield questiona se dados expostos podem ressurgir décadas depois, prejudicando essas crianças no longo prazo. “Os dados sobre o desenvolvimento da linguagem de uma criança e o desempenho educacional precoce aos quatro anos de idade desempenham algum papel nos resultados de sua aplicação na universidade? ... Os dados pessoais de saúde podem afetar sua capacidade de fazer um seguro no futuro?”, argumenta a Comissária.
Por fim, Longfield pede que termos e condições das empresas de tecnologia contenham informações claras para que pais e filhos entendam como suas informações podem ser usadas. Ela também recomenda que os pais se abstenham de compartilhar informações que possam colocar a segurança das crianças em risco.