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Com a Internet das Coisas, as máquinas passam a se comunicar
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Máquinas conectadas online, recebendo informações fornecidas por sensores sofisticados, já fazem parte do dia-a-dia, mesmo que as pessoas não percebam. É a era da Internet das Coisas (ou IoT, na sigla em inglês) que se aproxima.
Graças a essa tecnologia, fábricas de automóveis utilizam máquinas conectadas para que robôs possam construir modelos diferentes de veículos, em sequência, na mesma linha de montagem. Nas fazendas, tratores autônomos plantam e colhem com base na leitura de mapas e das previsões da meteorologia.
Os supermercados instalam sensores capazes de identificar e avisar quando algum dos ambientes de armazenamento refrigerado apresenta defeito – assim, os produtos podem ser retirados antes de estragar. Em edifícios, elevadores alertam em caso de desgaste de peças, de forma a prevenir acidentes mais sérios.
Dentro de casa, geladeiras inteligentes comunicam quando falta algum alimento; se forem programadas para isso, elas até mesmo fazem a compra pela internet. A conexão também transforma o uso de aparelhos de ar condicionado, televisões, videogames, lâmpadas, aparelhos de som, câmeras de vigilância e fechaduras. Todos esses equipamentos podem ser acionados a distância, e enviar alertas sobre problemas no funcionamento, desperdício de eletricidade ou invasão do imóvel. A internet já é aplicada até mesmo em dispositivos para vestir, como óculos, relógios e pulseiras, capazes, de, por exemplo, enviar informações sobre alterações clínicas nos pacientes diretamente para os médicos.
E esse é só o começo. Com a IoT, todos os objetos do cotidiano serão inteligentes, mais eficazes e com funcionalidades inovadoras.
Sistema de monitoramento
O setor bancário observa de perto essa revolução. Marcelo Câmara, líder de Pesquisa no Departamento de Pesquisa e Inovação do Bradesco, explica que a distribuição de equipamentos de IoT dentro das agências da empresa pode revolucionar o atendimento ao cliente. “Estamos trabalhando no sensoriamento dos nossos ambientes, e nos preparando para interagir com dados gerados por dispositivos além de nossas fronteiras ”, explica.
Fernando Freitas, superintendente executivo do departamento de Pesquisa e Inovação do banco, completa: “O objetivo é melhorar a eficiência da abordagem ao cliente. A Internet das Coisas permite entender as necessidades de cada cliente que entra em nossas agências, e assim, atendê-lo mais efetivamente”.
A nova tecnologia pode ter impacto direto na operação de empresas e instituições governamentais. É essa a proposta da Thinc, instalada dentro do inovabra habitat, o espaço de coinovação do Bradesco, localizado em São Paulo. A IoT é um dos eixos tecnológicos desenvolvidos no espaço – os demais são inteligência artificial, API, computação imersiva, blockchain e big data.
A Thinc é a maior startup de internet das coisas do habitat. Sua proposta é fornecer soluções de conectividade para monitoramento de geladeiras, carros, prédios e indústrias. “Desenvolvemos tudo por aqui, desde equipamentos, plataformas e apps, e também fazemos a instalação em campo”, explica Paulo Lerner, CEO da startup.
“Hoje temos 20 mil carros rastreados da Oi. Para isso, montamos toda a operação de campo e logística deles, o que no fim significou uma economia de R$ 30 milhões em combustível”. Funciona porque um rastreador é colocado em cada veículo e dentro dele o algoritmo da Thinc, que cruza os dados e informa a empresa sobre o uso do combustível e se o automóvel tem sido utilizado a trabalho ou para assuntos pessoais. O mesmo sistema é utilizado para monitorar 3 mil carros da polícia do Rio de Janeiro.
A empresa existe desde 2004 e atualmente tem 100 funcionários no Brasil, 20 na Rússia e dez em Israel. “Há cerca de ano no inovabra habitat, já geramos diversos negócios com outras startups. A relação com o Bradesco abriu oportunidades com o banco e também com outras empresas que trabalham com eles”, explica Lermen.
Carro compartilhado
Outra habitante do espaço do Bradesco, a startup Zazcar, utilizou IoT para viabilizar um negócio de carros compartilhados. A empresa é pioneira para o segmento na América Latina. “Construímos em 2015 nosso primeiro app até o hardware, que é a internet das coisas que vai no carro. Por ele, o usuário consegue localizar o veículo e destravá-lo usando o próprio celular – a chave fica sempre dentro. Após utilizá-lo, ele deixa o automóvel no mesmo lugar, guarda a chave e vai embora. Simples assim”, explica Felipe Barroso, CEO da Zazcar.
O aplicativo lê os sensores, informações de GPS e quilometragem. Com base nessas informações, faz uma cobrança fracionada do uso de cada pessoa. Tudo graças a IoT, que é usada para executar todas as configurações, tanto do app quanto do carro – por exemplo, na conversa que o aplicativo faz para abrir o veículo.
“Nossa tecnologia foi desenvolvida no Brasil e é considerada uma das melhores do mundo, estado da arte de car sharing”, contextualiza Barroso. “Usamos um sistema de bluetooth para a abertura dos veículos. Por isso, não dependemos de internet, o que permite que carros em subsolos não apresentem problema na hora do uso”.