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ELA CONECTA REFUGIADOS QUE BUSCAM EMPREGO A PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
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De um lado, refugiados com boa qualificação e experiência profissional. De outro, pequenas e médias empresas que precisam de mão de obra capacitada. E, juntando as duas pontas, o Projeto Caleidoscópio. A iniciativa é da advogada Ana Paula Candeloro, 52 anos.
Ela esteve na Alemanha em 2015, auge do movimento migratório de milhares de refugiados sírios para o país. Como chief compliance officer de um banco alemão, uma de suas tarefas era auxiliar a instituição a lidar com o problema. Identificou-se tanto com a questão dos refugiados que voltou ao Brasil determinada a trabalhar pela causa. Assim nasceu o Projeto Caleidoscópio.
Não se sabe ao certo o número de refugiados no Brasil. Só em 2017, o Ministério da Justiça recebeu 33.866 pedidos de reconhecimento da condição de refugiado. Hoje, há cerca de 86 mil solicitações como essa tramitando na Justiça. Estima-se que 20% desses refugiados tenham formação universitária — parte deles possui pós-graduação e sólida experiência corporativa.
“São advogados, médicos, engenheiros e administradores que deixaram tudo para trás. O Caleidoscópio procura ajudar essas pessoas a entender o mundo dos negócios no Brasil, com o objetivo de reinseri-las no mercado de trabalho”, diz Ana Paula.
Cofundadora do Yiesia, consultoria em governança e gestão, Ana Paula reuniu profissionais e empresas voluntárias para elaborar o curso de Gestão Integrativa de Negócios. Além do conteúdo teórico, os refugiados contam com sessões de coaching, consultoria de imagem e treinamento em apresentações.
Um dos participantes do projeto é o sírio Ali Ibrahim Hejazi, de 31 anos, um advogado com doutorado em Direito Internacional. Hejazi era diplomata no seu país. No Brasil há mais de dois anos, trabalhava em um posto de gasolina quando conheceu o Caleidoscópio. Atualmente, é gestor operacional em uma empresa de terceirização de serviços para bancos. “O projeto me ajudou a fazer networking e consegui essa recolocação”, afirma.
Agora, o objetivo de Ana Paula Candeloro é expandir o projeto para poder impactar mais refugiados. Para isso, está criando o Instituto Caleidoscópio, instituição sem fins lucrativos que deverá facilitar a captação de doações e patrocínios.