Notícia - O big data revoluciona a análise de dados
 10/01/19 11:09:57

O big data revoluciona a análise de dados


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O Bradesco mantém em São Paulo, no bairro da Bela Vista, um espaço de coinovação, o inovabra habitat. O local abriga startups que atuam em seis eixos tecnológicos: API, inteligência artificial, blockchain, computação imersiva, internet das coisas (IoT) e big data. De todas essas tendências para o futuro, uma das mais bem estabelecidas no mercado é o big data. “Essa tecnologia já é quase uma commodity, está madura há tempo suficiente para poder ser utilizada em diversas aplicações. Inclusive pode ser um catalizador em combinação com outras tecnologias como IoT e IA.”, explica Marcelo Câmara, líder de Inteligência Artificial e Pesquisa no Departamento de Pesquisa e Inovação do Bradesco.

Big data é a tecnologia que permite o tratamento e a análise de dados que utilizam grande volume, rápida velocidade, enorme variedade e maior veracidade. Combinados com algoritmos, esses dados permitem transformar dados em informações relevantes, que por sua vez se convertem em resultados para tomadas de decisão em tempo real.

Com o big data, as empresas passam a atualizar a maneira com a qual processam informações sobre os clientes e o mercado. “Aconteceu uma mudança cultural na forma de tratar as informações. Não é mais necessário colocarmos todos os registros em formulários padronizados ou bases estruturadas. Agora lidamos com uma massa de dados, que por ser mais ampla tende a ser estatisticamente mais relevante, e por ser mais flexível, incluindo informação não estruturada, permite fornecer análises muito mais completas e abrangentes”, afirma Câmara.

É um mercado consolidado, de fato: segundo a consultoria IDC, em 2018 a somatória de negócios envolvendo o big data no mundo vai movimentar US$ 166 bilhões. E deverá alcançar US$ 260 bilhões em investimentos em 2022, resultado de um crescimento anual médio de 11,9%. Tudo isso para gerenciar a maior produção de informações da história: ainda de acordo com o IDC, o volume de dados disponível globalmente vai saltar de 4,4 zetabytes, em 2013, para 44 zetabytes em 2020 e 163 zetabytes em 2025 – sendo que 1 zetabyte é equivalente a 1021 bytes.

Para Fernando Freitas, superintendente executivo do departamento de Pesquisa e Inovação do Bradesco, big data caminha lado a lado com outro eixo tecnológico: “a internet das coisas é capaz de coletar dados sobre todas as etapas de produção, de qualquer setor. E o big data vai permitir processar essa informação, contextualizar a oferta e entregar o produto correto aos clientes”.

Soluções para empresas

Muitas das startups que atuam dentro do inovabra habitat encontraram soluções baseadas nesse eixo tecnológico. “Disponibilizamos uma plataforma de compartilhamento de informações entre equipes”, explica Julio Vidotti, CEO da Hubblefy. Esse sistema consiste num novo tipo de organização de informações: elas são distribuídas em grupo, apenas para as pessoas com acesso autorizado.

“É como um grupo de WhatsApp criado dinamicamente. O time que receber terá que assinar, garantindo com segurança que a informação foi entregue”, explica Vidotti. Com a vantagem de que, no caso de mudanças na equipe, não é preciso reenviar as informações, basta autorizar o acesso às novas pessoas e retirar as antigas.

Outra habitante do inovabra habitat, a Maturijobs, utilizou big data para criar uma plataforma que ajuda pessoas com mais de 50 anos a se recolocarem no mercado de trabalho. “No começo nosso foco era a recolocação por meio de vagas de emprego, de maneira tradicional como as empresas buscam candidatos. Porém, o número de vagas ainda é muito baixo para o volume desse público, o que nos obrigou a melhorar o sistema”, diz o fundador e CEO Morris Litvak.

Por isso, o foco do projeto mudou: passou a estimular os profissionais a encontrar soluções criativas, seja com emprego, empreendendo ou se tornando autônomos. “Desenvolvemos conteúdo para ajudá-los a se capacitar, fazendo encontros de networking mensais e cursos sobre tecnologia, por exemplo. Muitos desses cursos acontecem no auditório do inovabra habitat", explica Litvak.

Soluções para a comunidade

Por sua vez, a Guiaderodas, outra startup do espaço fundado pelo Bradesco, desenvolveu um aplicativo para pessoas avaliarem a acessibilidade dos locais que frequentam. “É uma ferramenta de utilidade pública com serviços para pessoas e empresas. Digamos que o usuário é um cadeirante. Ele pode, por exemplo, avisar se o espaço em questão tem entrada acessível, um banheiro preparado e mesas com altura legal – e não precisa de conhecimento técnico, pois não perguntamos sobre medidas. Queremos saber se é bom ou ruim", explica Bruno Mahfuz, fundador da Guiaderodas. O aplicativo já ultrapassou os 20 mil downloads.

Para as empresas, foi criada a certificação Guiaderodas, que alia o conhecimento técnico de arquitetos e especialistas em acessibilidade, a vivência de pessoas com deficiência e o treinamento daqueles que operam o espaço. “É um treinamento de acessibilidade onde abordamos como lidar com a diversidade humana, as necessidades de pessoas com deficiência física, visual e auditiva, além das maneiras corretas de atender a idosos, gestantes e mães com carrinhos de bebê, por exemplo. Mostramos que acessibilidade não é algo só para pessoas com deficiência”, salienta Mahfuz.

A startup Vetor Brasil atua em outra frente com grande impacto social: a melhoria da gestão pública. A empresa desenvolveu um sistema específico para selecionar pessoas para atuar no setor público brasileiro, que resolve um problema grave: muitas vezes um profissional da gestão pública pode estar preparado para uma vaga, mas sequer saber se ela existe. “Acreditamos que é por meio de pessoas que faremos transformações em escala. Por isso, buscamos profissionais capacitados e prontos para os desafios dos nossos governos”, afirma Mayumi Kobayashi, responsável pela comunicação e pelo recrutamento do Vetor Brasil.

A empresa dividiu os processos em duas categorias: trainees e líderes. A primeira conta com duas seleções anuais baseadas em competências. Cada candidato precisa passar por cinco etapas, que compreendem testes online, vídeo e desafios para se tornar finalista. Já o programa de líderes seleciona pessoas em cargos mais seniores, com mais experiência para atuar em cargos de alta gestão. Por conta disso, o processo seletivo é construído de forma personalizada, dependendo da vaga e de acordo com a demanda do governo.

Hoje a startup contabiliza mais de 50 mil inscrições presentes nas 27 unidades federativas. “Temos mais de 280 trainees alocados e já estivemos presentes em mais de 60 órgãos governamentais”, complementa Mayumi Kobayashi.