Notícia - PAI E FILHO VIRAM SÓCIOS EM LOJA DE MÓVEIS E ROUPAS SUSTENTÁVEIS
 Pequenas Empresas & Grandes Negócio Publicou uma notícia no dia:17/01/19 12:13:55

PAI E FILHO VIRAM SÓCIOS EM LOJA DE MÓVEIS E ROUPAS SUSTENTÁVEIS


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É difícil separar a imagem do empreendedor Carlos Motta do bairro boêmio da Vila Madalena, na Zona Oeste de São Paulo.

Foi ali que, quatro décadas atrás, esse arquiteto de 66 anos de idade inaugurou seu ateliê, onde até hoje desenvolve e fabrica os mobiliários de madeira que colocaram seu nome na lista dos designers mais premiados do Brasil.

Foi natural, assim, escolher o mesmo endereço — a Rua Aspicuelta, em um galpão logo ao lado do ateliê — para abrigar sua mais nova empreitada, no final de agosto: a marca Attom. O nome traz uma referência à palavra átomo, presente no logotipo desenhado pelo arquiteto, e também uma brincadeira com o sobrenome da família escrito de trás para a frente.

A família, aliás, é uma parte integrante do novo negócio. Criada em sociedade com o filho Diego Motta, 41, a Attom é uma loja especializada em design utilitário, com peças para o uso no dia a dia inspiradas nos 40 anos de conhecimento do empreendedor em design e marcenaria. “A sociedade com o Diego é muito interessante. Tenho experiências de um lado, ele de outro, com roupas, e deixamos a hierarquia acontecer naturalmente”, diz Carlos.

Loja da Attom fica na Vila Madalena (Foto: Layla Motta)

A nova marca apresenta pratos, bowls, banquinhos, tábuas para corte, camisetas, moletons, em um portfólio com mais de 40 itens, todos desenhados no ateliê do artista. “É tudo pronta entrega, algo que eu nunca tive no ateliê.

Lá é tudo feito sob encomenda, tudo tem de ser desenhado e a entrega acaba demorando”, afirma. Há também uma linha de joias desenhada pela joalheira — e sua esposa — Sibila, batizada de Pedras do Caminho.

São itens feitos com prata reutilizada e que levam pedras, sementes, fragmentos, vidros. “São coisas que encontramos pelo caminho, em uma trilha na Patagônia, outra na Califórnia, e até na própria rua Aspicuelta”, diz o arquiteto.

Coube ao filho Diego Motta a tarefa de desenhar o vestuário utilitário à venda na Attom. Com experiência em branding e comercialização após 17 anos de carreira na Volcom, marca americana de peças esportivas e surfwear, Diego se inspirou no próprio pai para desenhar as peças, que podem ser usadas tanto para andar de bicicleta quanto em uma reunião de trabalho. “Meu pai sempre ajustou as roupas que comprou, cortou as mangas, alargou a perna das calças, tudo em busca de mais conforto. Isso me influenciou”, explica Diego. “São peças simples, básicas e bacanas”, completa o pai.

Diego Motta usou a experiência de 17 anos na americana Volcom para criar o vestuário inspirado no próprio pai  Carlos Motta (Foto: Layla Motta)

Assim como nos trabalhos realizados há quatro décadas no ateliê, a responsabilidade ambiental e social é uma marca registrada da empreitada. As peças de vestuário levam algodão, tintura e lavagem industrial orgânicas. Os itens de decoração e utilitários são feitos usando madeira certificada.

Em parceria com o Instituto BVRio, Carlos Motta treinou e capacitou uma comunidade no coração da floresta amazônica para a produção de tigelas, feitas a partir de matéria-prima com certificação do Conselho de Manejo Florestal (FSC, na sigla em inglês). As peças recebem acabamento em seu ateliê.

Outras parcerias do tipo estão no radar. “Levei desenhos, ferramentas e produzimos com eles. É madeira brasileira, genuína, pertencente a eles, e que chega à Attom sem intermediários. É um processo comercial, social e ambientalmente muito claro e correto”, diz.

No total, o investimento na abertura da marca ficou na casa dos R$ 200 mil. “Também foram dois anos ameaçando a inauguração e voltando atrás. Queríamos fazer tudo da maneira correta, encontrar os parceiros certos, ter os itens para comercializar”, diz Carlos. “Não fizemos business plan. Foi tudo muito orgânico. Tudo feito dentro de casa.”

Peças usam matérias-primas orgânicas e madeira certificada na Attom, marca de design utilitário do arquiteto Carlos Motta com seu filho Diego (Foto: Layla Motta)