Notícia - REDE DE SUPLEMENTOS QUER LUCRAR COM QUEM NÃO É "FORTÃO"
 23/01/19 12:04:32

REDE DE SUPLEMENTOS QUER LUCRAR COM QUEM NÃO É "FORTÃO"


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uando se pensa em suplementos, é provável que venha à cabeça um homem forte e musculoso que passa horas e horas na academia.

Pois esse costumava ser o cliente padrão da SNC, rede de suplementos brasileira fundada em 1991 com a antiga sigla de “Sports Nutrition Center”.

Mas faz alguns anos que a empresa percebeu um aspecto crucial sobre seu negócio: só atendia a 15% do público que poderia usar seus produtos.

Os outros 85% dos potenciais clientes não eram necessariamente “ratos de academia”, mas pessoas comuns interessadas em uma pele melhor, idosos comprando suplementos recomendados pelos médicos e mulheres buscando melhorar a saúde.

Assim, ao ser comprada pelo fundo Patria Investimentosem 2016, a SNC decidiu se reinventar e ir atrás desse público “esquecido”. Para isso, trouxe novos executivos, como CEO Breno César, com passagens por empresas como a Starbucks e o Burger King.

Hoje, quase dois anos depois, a empresa mudou de nome — abolindo o “sports nutrition center” e mantendo apenas SNC —, implementou uma nova identidade visual, tem lojas mais “amigáveis” e funcionários prontos para atender a qualquer tipo de público. E entra em 2019 focada em convencer novos e antigos franqueados a abraçar essa estratégia.

breno cesar, snc (Foto: SNC/Divulgação)

“Vimos que muitas pessoas que não se identificavam com a nossa lógica, que era um pouco bruta, um pouco masculina demais”, explica César. “Como a minha mãe vai passar na frente da nossa loja e se interessar? Quero que pessoas que não frequentam a academia se sintam convidados a entrar.”

As peças de publicidade da SNC, por exemplo, não contam mais com modelos de músculos avantajados. No site da empresa, a imagem de uma família mostra que o foco é em saúde, não na academia — sob o novo slogan “Viva a Vida!”.

A rede, que além de lojas tem produtos da marca de mesmo nome, também vem criando novas linhas focadas nesse público não tradicional. A empresa acaba de lançar, por exemplo, uma linha 100% focada no público feminino. O próximo passo é uma linha para clientes da terceira idade.

Nos produtos da marca, até a embalagem é diferente. “Tenta imaginar uma pessoa da terceira idade indo comprar um pote de suplemento de proteína e vendo uma caveira desenhada. Não dá”, diz o CEO.

snc (Foto: SNC/Divulgação)

A palavra é expansão

Em 2018, a SNC abriu duas novas lojas com o novo conceito já implementado, uma em Moema e outra no Itaim. Para 2019, a palavra de ordem é expandir: a rede quer passar de 54 unidades no país para 300 lojas até 2020.

O investimento para uma franquia da SNC vai de cerca de R$ 100 a R$ 200 mil, e o faturamento médio é de R$ 100 mil por mês, a depender do tamanho da loja.

O mercado tem tudo para ser promissor: o setor de nutrição esportiva, emagrecimento e vitaminas no Brasil vêm crescendo cerca de 10% ao ano na última década, e deve movimentar quase R$ 10 bilhões no país em 2019, de acordo com a consultoria Euromonitor.

O próprio fundo detentor da SNC, o Patria, vem investindo em outros negócios na área de saúde, como as academias Bio Ritmo e o laboratório Natulab, que desenvolve medicamentos e suplementos.

snc (Foto: SNC/Divulgação)

Na difícil missão de aproveitar esse momento e fazer a “expansão agressiva” que a SNC deseja, o CEO Breno César tem a experiência em empresas maiores a seu favor. Ele aponta como a Starbucks, por exemplo, tem uma estratégia de comunicação que fala muito menos do produto e muito mais do estilo de vida. Algo que ele quer implementar na SNC. 

“A Starbucks foca na experiência que você tem dentro da loja, em conectar as pessoas na pausa do café”, explica. “O que estamos tentando fazer na nossa comunicação é falar muito mais de bem-estar, de saúde, de uma vida feliz, do que ficar falando do aminoácido que serve para aumentar a massa muscular.”

Como quase todas as lojas são franquias, a empresa vem fazendo um trabalho de conversar com os franqueados para “abrir um pouco a cabeça” deles, nas palavras de César.

snc (Foto: SNC/Divulgação)

Para se adaptar ao novo conceito da SNC, uma grande mudança, por exemplo, são os funcionários da loja. “Os franqueados estavam acostumados a só contratar homens, jovens, e consumidores do produto. Era normal ter um monte de homem forte. E tudo bem, mas não precisa ser só esse tipo de funcionário”, completa o CEO.

A ideia é que, em pouco tempo, o cliente médio da SNC não seja o fortão da academia, mas as seguidoras de Gabriela Pugliesi no Instagram ou apenas uma avozinha comprando ômega 3.