24/01/19 10:58:08
ELE CRIOU UM CLUBE DE TROCAS PARA EMPRESÁRIOS E JÁ MOVIMENTOU MAIS DE R$ 100 MILHÕES
Imagem:
Muito antes de as cédulas de dinheiro se espalharem oficialmente pelo mundo, por volta do século 16, o comércio ainda girava a base de trocas — comida pelo conserto de um sapato, por exemplo.
Hoje, contudo, transações feitas só trocando produtos podem soar impensáveis. Mas não para o mineiro Leonardo Bortoletto.
Em 2012, ele fundou em Belo Horizonte (MG) o Clube de Permuta, plataforma que permite a empresários trocarem seus produtos e serviços uns com os outros.
O clube surgiu quando Bortoletto começou, ele próprio, a receber pagamentos com trocas. Ele era sócio em uma empresa de tecnologia e viu que muitos clientes pagavam seu serviço em “créditos”.
Como ele não conseguia usar todos os créditos, acabava vendendo parte a amigos e conhecidos, e a rede de trocas foi se expandindo. O empresário viu, então, que havia demanda para tornar essas transações um negócio oficial.
Bortoletto passou a organizar encontros com vários empresários da cidade para apresentar o projeto. No começo, foram 12 associados. Hoje, já são mais de 800, com empresários de diferentes setores: construtoras, hotéis, restaurantes, bufês de festa, advogados, contadores, academias, agências de viagens, entre muitos outros.
Nesses seis anos de funcionamento, foram mais de R$ 100 milhões em mercadorias e serviços movimentados nessas trocas.
A empresa ganha cobrando uma taxa de 10% em dinheiro sobre cada compra, e 10% em "permuta" sobre as vendas. Os associados também pagam um valor anual de R$ 2.500 para permanecer no clube.
O faturamento da empresa em 2017 foi de R$ 6 milhões, e a expectativa para 2018 era de superar os R$ 10 milhões.
Você troca um imóvel por um caminhão de bolos?
Os serviços e produtos do clube, contudo, não são 100% livres de “moedas”. Quando uma empresa torna-se associada, ela recebe um limite de crédito em “permuta”, o “dinheiro” do Clube de Permuta.
As transações de compra e venda vão gerando créditos e débitos dentro da plataforma. Isso possibilita ao negócio ter trocas multilaterais: ou seja, um comerciante que vende bolos pode comprar serviços de uma agência de viagens, mas a agência não necessariamente precisa aceitar receber 500 bolos como pagamento.
Se não quiser tantos bolos, a agência que vendeu seu serviço pode usar os créditos que ganhou para comprar de outro associado da plataforma. Enquanto isso, outros empresários compram bolos e rendem créditos ao confeiteiro.
Um dos slogans do clube é “você troca o que tem por aquilo que precisa”. Bortoletto afirma que a possibilidade de adquirir bens e serviços por permuta permite a empresários ter produtos que não teria se dependesse exclusivamente da receita.
A empresa já gerenciou transações inusitadas: o dono de um supermercado comprou nada menos que um imóvel; a compra foi paga com seus créditos no clube, e ele foi reembolsado à medida que outros muitos associados usaram seus créditos para comprar produtos do mercado.
Embora a plataforma de trocas seja eletrônica, nem tudo é feito pela internet. Para integrar os empresários envolvidos e criar vínculos de confiança, os responsáveis pelo clube em cada cidade realizam eventos de relacionamento.
O clube tem 18 unidades no Brasil. Cada cidade só pode ter uma franquia, e, por isso, a escolha do franqueado é feita cuidadosamente, segundo a empresa.
O principal requisito para ser um franqueado do clube é ter uma ampla rede de relacionamento com empresários da região onde o negócio será aberto. O “processo seletivo” do franqueado inclui um evento em que 150 empresários da região devem comparecer.