Notícia - PARA COFUNDADOR DA FOGO DE CHÃO, INVESTIR NA CRISE TRAZ RECOMPENSAS MAIORES NO FUTURO
 28/01/19 18:25:14

PARA COFUNDADOR DA FOGO DE CHÃO, INVESTIR NA CRISE TRAZ RECOMPENSAS MAIORES NO FUTURO


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Plantar nas horas difíceis para estar à frente dos outros quando chegar a hora da bonança. Foi isso o que fez o empresário Jair Coser, um dos fundadores da rede de churrascarias Fogo de Chão, e hoje com outra rede especializada em carnes nobres – a "parrilaria" Corrientes 348.

Em 2011, o Brasil vinha de um crescimento de 7,5% no PIB quando Jair e o irmão Arri resolveram vender a Fogo de Chão, um negócio desenvolvido por eles por décadas e que chegou a dezenas de unidades no exterior, por US$ 300 milhões. Em 2014, quando o país mergulhava na crise, Coser voltou ao mercado ao adquirir 60% da Corrientes 348, rede inspirada na culinária argentina.

Não seriam movimentos opostos ao que o bom senso empresarial aconselharia? Para o empresário, não.

Sobre a Fogo de Chão, ele diz que “o negócio estava grande, e todo nosso capital estava empregado na companhia. Quando se começa com o tamanho que tínhamos e se chega a esse ponto, ou se faz o IPO [abertura de capital na bolsa de valores], ou se vende. E eu queria curtir minha família, ficar tranquilo por um tempo.”

A entrada no novo empreendimento quando o país mergulhava na crise foi uma decisão ainda mais fácil, ele diz. Segundo o empresário, foi imaginando o momento atual – em que a economia começa a se recuperar e atrair investidores – e vendo o potencial da rede que ele fez a aposta.

“Todo mundo me falava que eu era o único investindo. E acabamos abrindo mais cinco unidades desde então, estamos agora com seis unidades prontas em um momento mais promissor. Apostar nas épocas difíceis tem essas vantagens. Agora que a coisa está melhor, enquanto os outros vão retomar os investimentos, nós já temos boa parte do trabalho feito.”

Na época, a Corrientes 348 tinha quatro franquias, que logo foram retomadas pelo novo dono. As unidades de Brasília e Curitiba tiveram a operação encerrada. A loja original, criada em 1997 na Vila Olímpia, em São Paulo, foi recomprada, por ser considerada “estratégica”.

Hoje, permanece apenas uma das franquias, também em São Paulo (no shopping Higienópolis), cujo contrato ainda não terminou.

O investimento inicial (na época, divulgado como de R$ 20 milhões) renovou as unidades existentes e serviu para uma primeira onda de expansão. A Corrientes abriu mais duas casas em São Paulo, nos Jardins e no Jardim Europa, e duas no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca e Marina da Glória.

Primeira loja da Corrientes 348, em São Paulo, foi a única mantida do portfólio original (Foto: Divulgação/Corrientes 348)



Foi aberta também a primeira unidade internacional – em Dallas, Estados Unidos, onde Jair Coser se instalou há décadas e iniciou também a expansão no exterior da Fogo de Chão. E o primeiro “spin-off”: o Assador’s Rio, outra churrascaria, está mais próxima da tradição brasileira do consumo e do antigo empreendimento de Jair.

Jair não revela o faturamento da rede, ou o quanto cresceu em relação à época da aquisição. Diz, no entanto, que o momento “inspira otimismo”, e que o trabalho feito nos últimos anos permite que agora os novos planos sejam pensados com calma. “Há as possibilidades de crescermos com aquisições ou de forma orgânica. Mas não tomaremos decisões apressadas”, diz.

“Quem te ensina tudo é o consumidor”
Para Jair Coser, que opera negócios alimentícios há cinco décadas, atuar neste mercado é um exercício quase natural. Mas não quer dizer que não exija esforço ou estudo constantes.

Ele resume em dois os aspectos mais importantes da operação de negócios na área, em sua opinião. “Qualidade de produto e do serviço. Entregar bem o produto já é meio caminho andado”.  O acompanhamento constante do negócio e das tendências de consumo é outro exercício importante, segundo ele. “Quem te ensina tudo é o consumidor. Ele que te mostra tudo que você precisa, então deve tudo girar em torno dele”.

No caso das churrascarias, embora o produto seja o mesmo e a forma de atender não mude tanto, foram necessárias adaptações. “Você pode reparar quando entra em uma. A atmosfera do restaurante mudou. Antes costumava ser tudo muito escuro. Hoje é um ambiente mais leve, mas claro do que costumava ser.