18/03/21 13:20:44
Descoberto primeiro dinossauro em ninho com bebês fossilizados
Imagem: Zhao Chuang
Uma equipe internacional de pesquisadores fez um achado e tanto no sul da China: o primeiro dinossauro do mundo preservado sentado em um ninho de ovos com bebês fossilizados. A descoberta foi publicada na revista “Science Bulletin”.
O fóssil em questão é o de um oviraptorossauro, um grupo de dinossauros terópodes semelhantes a pássaros que prosperaram durante o Cretáceo. Esse período foi o terceiro e último da Era Mesozoica (comumente conhecido como a “Era dos Dinossauros”), que se estendeu a partir de 145 a 66 milhões de anos atrás. O novo espécime foi recuperado de rochas do período Cretáceo Superior, com cerca de 70 milhões de anos, na cidade de Ganzhou, na província de Jiangxi.
Novo minidinossauro achado na Ásia dá pistas da evolução de aves
Caçadores dos fósseis contrabandeados
“Dinossauros preservados em seus ninhos são raros, assim como embriões fósseis. Esta é a primeira vez que um dinossauro não aviário foi encontrado, sentado em um ninho de ovos que preservam embriões, em um único espécime espetacular”, explica o dr. Shundong Bi, primeiro autor do estudo, que trabalha no Instituto de Paleontologia da Universidade de Yunnan (China) e no Departamento de Biologia da Indiana University of Pennsylvania (EUA).
Morte na incubação
O fóssil consiste em um esqueleto incompleto de um grande oviraptorídeo, presumivelmente adulto, agachado em postura de ave chocando sobre uma ninhada de pelo menos 24 ovos. Pelo menos sete desses ovos preservam ossos ou esqueletos parciais de embriões oviraptorídeos não eclodidos em seu interior. O estágio tardio de desenvolvimento dos embriões e a proximidade do adulto com os ovos sugere fortemente que este último morreu no ato de incubar seu ninho, como seus primos pássaros modernos, em vez de botar seus ovos ou simplesmente guardar seu ninho ao estilo dos crocodilos, como às vezes foi proposto para os poucos outros esqueletos oviraptorídeos encontrados no topo dos ninhos.
“Esse tipo de descoberta, em essência um comportamento fossilizado, é o mais raro dos raros nos dinossauros”, explica o dr. Matthew Lamanna, do Museu Carnegie de História Natural (EUA), coautor do estudo. “Embora alguns oviraptorídeos adultos tenham sido encontrados em ninhos de seus ovos antes, nenhum embrião foi encontrado dentro desses ovos. No novo espécime, os bebês estavam quase prontos para chocar. Isso nos diz, sem sombra de dúvida, que esse oviraptorídeo cuidava de seu ninho por um longo tempo. Esse dinossauro foi um pai/mãe carinhoso que, no final das contas, deu sua vida enquanto alimentava seus filhotes.”
O fóssil do dinossauro em cima de um ninho com seus ovos. Vários ovos (incluindo pelo menos três que contêm embriões) são claramente visíveis, assim como os antebraços, pélvis, membros posteriores e cauda parcial do adulto. Crédito: © Shundong Bi, Indiana University of Pennsylvania
Conhecimentos sobre dieta
A equipe também conduziu análises de isótopos de oxigênio. Elas indicam que os ovos foram incubados em altas temperaturas de pássaros, adicionando mais suporte à hipótese de que o adulto morreu no ato de chocar seu ninho. Além disso, embora todos os embriões estivessem bem desenvolvidos, alguns parecem ter sido mais maduros do que outros. Isso, por sua vez, sugere que os ovos de oviraptorídeo na mesma ninhada podem ter eclodido em momentos ligeiramente diferentes. Essa característica, conhecida como incubação assíncrona, parece ter evoluído de forma independente em oviraptorídeos e em algumas aves modernas.
Outro aspecto interessante do novo espécime de oviraptorídeo é que o adulto preserva um aglomerado de seixos em sua região abdominal. Esses são quase certamente gastrólitos, ou “pedras do estômago”, rochas que teriam sido deliberadamente engolidas para ajudar o dinossauro a digerir sua comida. Essa é a primeira vez que gastrólitos ??foram encontrados em um oviraptorídeo. Como tal, essas pedras podem fornecer novos conhecimentos sobre a dieta desses animais.
O dr. Xing Xu, da Academia Chinesa de Ciências, também coautor do artigo, afirma: “É extraordinário pensar quanta informação biológica está capturada apenas nesse único fóssil. Vamos aprender com esse espécime por muitos anos”.