Um sistema canadense de Inteligência Artificial (IA) está prestes a chegar na Lua a bordo de um rover dos Emirados Árabes Unidos carregado pelo módulo de pouso japonês Hakuto-R, que foi lançado pela SpaceX em dezembro.

O rover Rashid, dos Emirados Árabes Unidos, testará um sistema de Inteligência Artificial canadense na Lua para se preparar para missões futuras. Créditos: Centro Espacial Mohammed Bin Rashid

Espera-se que o rover Rashid pouse no satélite natural da Terra em abril, em busca de minerais e outros itens de interesse na superfície lunar. O sistema de IA do Canadá informará a tomada de decisão do rover em uma grande estreia: nenhuma tecnologia parecida jamais ultrapassou a órbita baixa da Terra antes, segundo o site Space.com.

“Se funcionar, isso será extremamente importante para o impulso lunar da NASA”, disse o CEO da MCSS (empresa desenvolvedora do algoritmo, sigla em inglês para Serviços Espaciais para Controles de Missões), Ewan Reid. “A IA será uma ferramenta de habilitação crítica para a tomada de decisões a bordo de espaçonaves”.

De acordo com Reid, esse trabalho não se estende apenas à busca de água na Lua, o que a NASA planeja fazer com suas missões Artemis, mas também a tornar a observação da Terra mais eficiente.

Se tudo correr conforme o planejado, o rover Rashid correrá por aproximadamente um dia lunar (29 dias terrestres) na superfície. 

A MCSS receberá as imagens de navegação do equipamento através do Hakuto-R, que lidará com as comunicações com a Terra. Com o algoritmo da empresa canadense, “cada pixel na imagem será classificado como um determinado tipo de terreno”, disse Reid.

“Essa produção será então enviada para nós e vai ser usada por cientistas e engenheiros em nosso escritório em Ottawa, bem como em universidades canadenses, para ajudar a decidir para onde o rover deve ir”, acrescentou o diretor. 

Missões futuras tirarão o ser humano “do circuito”, uma vez que os engenheiros estejam confiantes de que a IA sabe como diferenciar diferentes minerais e distinguir entre itens críticos da missão, como rochas e crateras.

“Na Lua, a IA pode economizar muita largura de banda de satélite limitada, uma vez que compartilharia apenas os dados, imagens e vídeos que os cientistas precisam”, disse Reid. A tecnologia pode ser reaproveitada em todo o sistema solar, incluindo aplicações como a detecção de naves clandestinas na Terra tentando navegar sem registro ou a filtragem de nuvens de imagens planetárias.

“Vemos uma enorme oportunidade para implantar a IA na borda, no espaço”, disse Reid. “Se tudo correr conforme o planejado, a demonstração lunar permitirá que a MCSS apoie outras empresas e organizações enquanto trabalham para implantar a IA em suas missões no futuro”.

Flavia Correia  30/01/2023 14h56