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O homem que foi demitido por uma máquina
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Aquela não foi a primeira vez que o cartão de entrada de Ibrahim Diallo falhou na catraca do prédio comercial de Los Angeles (EUA) onde ele trabalhava no início de 2017. Por isso, sem pensar duas vezes, ele conversou com o segurança, que emitiu uma autorização de entrada temporária.
Este, porém, era apenas o primeiro de uma série de sinais de que alguma coisa estava errada no programa que administra os funcionários da empresa. Ibrahim estava no oitavo mês de trabalho de um contrato de três anos, mas a firma passava por mudanças no sistema automatizado e também no quadro de funcionários.
Assim começou uma sequência de eventos que acabou na demissão de Ibrahim – não pela sua chefe, mas por uma máquina.
Ele escreveu um relato detalhado de seu caso para deixar um alerta para empresas que confiam muito na automatização dos processos. “A automatização pode ser uma vantagem para a empresa, mas tem que existir uma forma dos humanos assumirem se as máquinas cometerem um erro”, escreve ele.
No dia em que a catraca não liberou sua entrada, mais nada fora do comum aconteceu. “Foi a velha rotina de trabalho”, conta ele. No dia seguinte, no entanto, sua entrada no estacionamento do prédio não foi liberada, assim como a entrada no prédio em si, na mesma catraca do dia anterior. Mais uma vez, os seguranças o liberaram manualmente. “Pensei que meu cartão precisava ser trocado”, relembra. Assim que chegou no seu andar, ele foi conversar com sua gerente sobre o ocorrido, e ela prometeu um novo cartão.
Ele foi para sua mesa e trabalhou por algumas horas, mas quando foi entrar no Jira, software de monitoramento de tarefas e projetos, ele não conseguiu fazer o login. Um colega vizinho de mesa disse a ele que a palavra “inativo” aparecia ao lado do nome Ibrahim.
Ele saiu do prédio para almoçar, mas na volta precisou esperar dez minutos para conseguir entrar de novo. Então sua recrutadora ligou e perguntou se estava tudo bem com ele, porque ela tinha recebido um e-mail dizendo que ele havia sido demitido. Ele entrou em contato com a gerente novamente, ela ficou surpresa com a informação.
No terceiro dia, o segurança não conseguiu liberar sua entrada manualmente porque seu nome aparecia em vermelho e sinalizado como “entrada proibida”. A gerente precisou descer na portaria para acompanhá-lo para dentro do prédio. A recrutadora enviou então uma mensagem avisando para ele não ir ao trabalho, pois ela estava recebendo alertas urgentes que ele estava acessando o prédio depois da demissão.
Eles envolveram a diretora da empresa. “Eu estava demitido ou não?”, questionou-se Ibrahim. Ela deu risada, fez uma ligação e pediu para a equipe de apoio restaurar as informações dele. Ela garantiu que o problema estaria resolvido até o fim do dia.
Minutos depois, ela recebeu um e-mail do sistema automatizado informando que Ibrahim havia sido demitido. Mesmo assim, a diretora falou para ele voltar no dia seguinte e trabalhar normalmente.