Notícia - O Shopping Center tradicional está para morrer (e vai nascer algo no lugar)
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O Shopping Center tradicional está para morrer (e vai nascer algo no lugar)


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Felipe Moreno é editor-chefe do StartSe e fundador da startup Middi, era editor no InfoMoney antes

7 de junho de 2018

Você provavelmente passou boa parte da sua vida visitando shopping centers. Cada vez mais presentes na vida das pessoas no Brasil (principalmente por causa do crescimento nas cidades do interior), nos Estados Unidos ele já é algo que está ficando “ultrapassado” – inclusive com a possibilidade de que 20% a 25% dos shoppings fechem nos próximos 5 anos, de acordo com um estudo da Credit Suisse.

Dos atuais 1.200 shoppings dos Estados Unidos, cerca de 300 fecharão só nos próximos anos – dizimando empregos no setor de varejo. Grandes redes estão fechando milhares de lojas dentro de shoppings ou na rua por conta disso. Boa parte do varejo mundial está migrando para o e-commerce: enquanto o online cresce cerca de 14% a 15% por ano, o físico cresce 1 a 2%.

Mas ainda há um espaço gigantesco para o crescimento do varejo online, já que só 9% do varejo global se faz por computadores e smartphones. No momento, são US$ 2 trilhões movimentados eletronicamente em um mercado muito maior, de US$ 23 trilhões. Alguns setores já estão mais bem adaptados à internet do que outros. Apenas 7% dos alimentos são vendidos pela internet, enquanto livros e brinquedos os números chegam a quase 50%.

Alternativa número 1: virar centro de logística

Uma das alternativas que podem ser “o futuro” dos atuais shoppings centers é que eles virem centros de logística – sim, você não leu errado. A Amazon tem comprado terrenos de shoppings fechados nos Estados Unidos para montar seus centros de distribuição.

Mas não é apenas uma questão de “ironia do destino”: são terrenos gigantescos, que suportam uma grande quantidade de produtos, localizados em regiões de fácil acesso (mas que também não são necessariamente no centro das cidades). Tudo que um centro de distribuição precisa.

E não acontece só com shoppings não: o Carrefour transformou uma de suas lojas em São Paulo em um enorme centro de distribuição de alimentos e outros produtos para seu e-commerce, uma plataforma cada vez mais “desejada” dentro do gigante do varejo francês.

Com isso, os terrenos antigos passam a alimentar o comércio eletrônico, que é mais prático para a maior parte dos usuários. E o papel dos antigos shoppings passa a ser atendido por lojas de rua (que estão em alta… mais a seguir no próximo intertítulo). Ou seja, parte dos shoppings deverão morrer com o crescimento do e-commerce. Ponto. Finito.

Um ponto válido de destacar é que muitas das lojas físicas que existem são apenas “marginalmente rentáveis” e qualquer coisa que lhes afeta (o crescimento do e-commerce) acaba com suas rentabilidades e elas precisam fechar – mas isso não acaba com todas as “oportunidades” daquela rede. É mais um jogo para “maximizar ativos” do que necessariamente o fim do comércio.

A rede Macy’s, por exemplo, fechou centenas de lojas – mas 60% das fechadas, cuja rentabilidade não é mais atraente, estão próximas de outras lojas da Macy’s. Quem tinha o costume de ir em uma loja consegue ir na outra também, embora com menor frequência, o que garante que aquela loja que se manteve aberta continue rentável. Com o crescimento das vendas online, é necessário menos pontos físicos, isso é um fato.

Alternativa número 2: o “novo shopping”

Só que as pessoas continuam gostando de ir em shoppings. É uma experiência gostosa para a maioria das pessoas: andar entre as lojas, ver o que você quer comprar (mas não sabia), visitar o cinema, comer em um restaurante gosto… enfim, uma vista ao shopping pode ser uma experiência bacana. “Os melhores shoppings continuam a ter uma boa performance, e os que não estão tão bem vão evoluir”, destaca Kathy Elsesser, co-diretora de varejo e consumo global do Goldman Sachs.

Bons shoppings são os que são capazes de fazer essa experiência ser interessante, enquanto shoppings ruins são aqueles focados excessivamente em lojas. “As pessoas gastam agora em viagens, restaurantes, mídia, entretenimento e acomodação ao invés de bens de consumo pessoais, como no passado. Para os shoppings, isso significa mais cinemas, mais restaurantes e mais oportunidades baseadas em experiências”, diz Kathy.

Transformar o espaço do shopping em um ambiente de convívio é cada vez mais uma prioridade para as empresas que gerenciam esses espaços – principalmente para atrair a geração millenial, que passa a ser a maior parcela de consumidores.  Isso significa que os ambientes estão com a tendência de ser cada vez mais híbridos: diga adeus ao shopping que é só shopping e dê oi para os ambientes que incluem moradias e espaço de escritório.

É o que muitos complexos fazem aqui no Brasil. Torres de escritórios (ou residenciais) em um grande local, parecido com o JK Iguatemi, que possui vários espaços para que as pessoas trabalhem – e, por acaso, possam ir gastar suas horas de almoço no shopping.

Um dos melhores exemplos, porém, é o Easton Town Center, no subúrbio de Columbus, Ohio, Estados Unidos. É uma comunidade “completa”, com tudo que se faz necessário – casas, escritórios, locais de compra – e que simula o centro de uma cidade (embora não seja). Cria-se um ambiente denso para que as pessoas trabalhem e vivam, consumindo o que lhes for necessário em distâncias andáveis. Um shopping a céu aberto – e muito mais próximo do que o inventor do shopping desejava.

Um convite

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