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Dores fortes e sangramento excessivo na menstruação: entenda a adenomiose
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Uma em cada dez mulheres em idade fértil do mundo sofre de adenomiose, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Nesta doença, o tecido endometrial (camada que reveste o útero e é expelida quando menstruamos) se incrusta no miométrio, a musculatura interna da parede uterina.
Ela é uma espécie de “prima de primeiro grau” da endometriose, condição em que o tecido do endométrio se instala na parte externa do útero. Mas, apesar de ambas serem tão próximas e terem a mesma prevalência, a adenomiose não é nem de longe tão conhecida quanto a endometriose.
Para entender seus sintomas, causas e possibilidades de tratamentos, conversamos com Flavia Tarabini, ginecologista da Clínica Dr. André Braz-RJ, e com Luciana Deister, ginecologista da clínica Patricia Davidson Haiat.
Quais são os sintomas da adenomiose?
O sangramento além do comum durante a menstruação, as cólicas menstruais mais fortes que o normal e dores intensas em momentos em que não deveria haver dor, como as relações sexuais e a defecação, são os sintomas clássicos da adenomiose.
Apesar de tão marcantes, em cerca de 30% dos casos eles demoram anos para aparecer, o que contribui para a doença ser tão pouco conhecida. Além disso, muitas vezes os sintomas são confundidos com infecção urinária e apendicite ou encarados apenas como um fluxo menstrual que é intenso e logo vai passar. E o diagnóstico acaba sendo tardio, às vezes até sem querer durante os exames de rotina.
Como a adenomiose é diagnosticada?
O diagnóstico da adenomiose começa quando a paciente relata os sintomas, sua ginecologista suspeita que eles possam indicar esta doença e são pedidos os exames adequados: a ultrassonografia transvaginal e a ressonância nuclear magnética da pelve.
Esta última, explica Flavia, “identifica a transição entre o endométrio e o miométrio e, portanto, é capaz de evidenciar a penetração de um no outro”.
É fácil tratar a adenomiose? A doença tem cura?
A adenomiose não tem cura, mas são duas as boas notícias: ela não está ligada a transtornos paralelos, como a dificuldade para engravidar (caso da endometriose), e seus sintomas podem ser facilmente aliviados.
Luciana defende que “é sempre importante orientar a paciente a adotar uma mudança do estilo de vida, com alimentação anti-inflamatória e antioxidante, evitando ainda açúcar e refinados”.
O uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios também são necessários para conter as dores causadas pela adenomiose. Dependendo das queixas, a terapia hormonal pode ser acrescentada à lista. Quando a mulher se ajusta a uma linha de tratamento, ele é mantido até a menopausa. “É que, por questões hormonais, não há uma diminuição dos sintomas”, justifica Flavia.
Quem está mais sujeita a ter adenomiose?
Todas as mulheres em idade fértil são potenciais alvos da adenomiose.
De toda forma, Luciana observa que a idade média das mulheres com sintomas costuma ser a partir dos 40 anos.
Flavia, por sua vez, aponta alguns fatores que estatisticamente podem contribuir para o surgimento da doença: primeira menstruação precoce, menopausa tardia, ciclos menstruais curtos, obesidade, pólipos uterinos, ter três ou mais filhos (“Provavelmente por alterar a junção do endométrio com o músculo do útero, levando à invasão deste”) e traumas obstétricos como a curetagem (“Por possibilitar a invasão mecanicamente”).