Notícia - 5 inovações promissoras no setor de alimentação
 21/08/18 16:40:52

5 inovações promissoras no setor de alimentação


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produção agrícola e a indústria de alimentação enfrentam o desafio de alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050. O crescimento da população global, hoje estimada em 7,6 bilhões de pessoas, vai exigir um nível de produção 60% mais alto. O consumo de água também vai crescer 40% maior, segundo dados da Organização das Nações Unidas. O salto de produtividade só poderá ser bem-sucedido por meio de inovações, que aumentem a produtividade e a eficiência no uso dos recursos naturais.

O desafio movimenta pesquisadores e empreendedores de todo o mundo. O Thought for Food Challenge é uma competição global de startups, que este ano reuniu mais de 800 participantes, de 160 países. Desses, 10 finalistas foram selecionados para apresentar seus projetos no encontro da organização Thought for Food, no Rio de Janeiro, no final de julho. Conheça aqui os vencedores, e outras ideias que podem ter grande impacto econômico e social na agricultura e na cadeia produtiva de alimentação.

1- Coating +. O grande vencedor do Thought for Food Challenge 2018 vem da Nigéria. Formada por pesquisadores da Universidade de Ilorin, a startup desenvolveu uma cobertura orgânica para alimentos frescos, que aumenta o tempo de validade dos produtos nas prateleiras dos mercados. Aplicado após a colheita, o produto é biodegradável, não altera o sabor dos alimentos e contém elementos que aumentam o valor nutricional dos produtos.

“Isso diminui o desperdício e aumenta o potencial de comercialização da safra de pequenos agricultores”, explica Albert Kure, membro da equipe que desenvolveu o Coating +. Ele explica que, em média, a cobertura dobra a validade de frutas e verduras nas gôndolas do mercado. “Mas o tempo pode ser maior, dependendo do tipo de alimento.”

Segundo Kure, a vitória no desafio internacional pode ajudar a startup a desenvolver a solução comercialmente. “Não apenas pelo dinheiro (US$ 10 mil), mas também porque isso ajuda a criar uma rede de contatos importante para viabilizar o projeto”, explica.

2. Safi Organics. Uma fábrica de fertilizantes em pequena escala, para atender fazendas em regiões remotas, com a produção de insumos customizados para cada tipo de solo. O projeto foi criado pela Safi Organics, startup do Quênia, e valeu à empresa o 2º lugar no desafio internacional da Thought for Food em 2018.

Uma equipe de agrônomos visita cada fazenda, para coletar e analisar o solo. O estudo permite descobrir a mistura mais eficiente para cada propriedade, de acordo com o tipo de plantação. “Assim, temos um fertilizante mais eficiente, e otimizamos o uso do insumo”, explica Samuel Rigu, CEO da companhia.

O equipamento foi testado em 2,5 mil fazendas do país africano nos últimos doze meses. “Com o fertilizante customizado, conseguimos uma alta de no mínimo 30% na produtividade de cada fazenda”, diz Joyce Simon, executiva de Marketing da Safi Organics.

3. Laticin. Produção de laticínios orientada por dados. Essa é a proposta da startup brasileira Laticin. Segundo Ana Raquel Calhau, uma das fundadoras da empresa, a ideia é usar a tecnologia de análise de dados para aumentar a eficiência da cadeia produtiva da coleta do leite à distribuição dos produtos acabados.

“Não há uma solução completa que cubra todas as etapas do processo, ou atendam as peculiaridades da indústria de laticínios”, explica Ana Raquel. O sistema vem sendo desenvolvido em parceria com os usuários. “É uma maneira de balancear o conhecimento tradicional com o mindset orientado para a tecnologia.”

O primeiro módulo da solução da Laticin atende à coleta do leite, com encaminhamento de dados para laboratórios de análise de qualidade do produto. Ana Raquel estima que o empoderamento de pequenos e médios laticínios pode reduzir em até 20% o custo das empresas. Quando o produto estiver plenamente desenvolvido, ela sonha adaptá-lo para outras indústrias e – quem sabe – conquistar o mercado externo.

4.Rise Harvest. Estudantes de agronomia na Universidade de Sidnei, na Austrália, Sam Coggins, Joseph Shen e Chandan Kumar desenvolveram um aplicativo de celular que dá recomendações customizadas para o uso de fertilizantes em plantações de arroz. O produto foi desenvolvido para aumentar a eficiência dos pequenos produtores de Mianmar, no Sudeste Asiático.

O aplicativo recebe as informações do fazendeiro sobre a técnica agrícola utilizada, o tipo de semente e o tipo de solo. O GPS do celular, por sua vez, determina a área exata da plantação. Com base nessas informações, o app faz a sua recomendação.

“O próximo passo é desenvolver um algoritmo que vai permitir identificar por meio de uma foto do solo, que tipo de nutriente ele precisa”, diz Coggins. Kumar acrescenta que as fotos podem ajudar a diagnosticar à distância o nível de nitrogênio no solo e otimizar o uso do fertilizante. Shen explica, no entanto, que ainda é preciso enfrentar o desafio da iluminação em ambiente natural, que provoca distorção na análise da imagem. “Estamos trabalhando nisso, em parceria com a Microsoft”, conta.

5. WCM. A crise humanitária no Oriente Médio inspirou o engenheiro brasileiro Cláudio César de Freitas a desenvolver um sistema com base em tecnologia de Internet das Coisas para gerenciar sistemas de irrigação e abastecimento de água. “Criamos a solução para melhorar as condições de vida no campo de refugiados de Azraq, na Jordânia”, conta Freitas, que faz doutorado na Universidade de Purdue, nos Estados Unidos.

Usando equipamentos baratos, Freitas e seus parceiros criaram uma ferramenta modular, facilmente adaptável, que permite monitorar por meio de celulares o acesso, consumo e a qualidade da água. A solução tem grande impacto potencial para regiões carentes, especialmente na África, onde apenas 47% da população rural têm acesso a água tratada.

Além de ter sido selecionado no desafio do TFF, o projeto de Freitas também foi selecionado pela Royal Institution of Chartered Surveyors, como um dos finalistas de outra competição internacional, o Cities for Our Future, voltada para os segmentos de urbanismo, arquitetura e engenharia. “Mais do que aplicar a solução tecnológica, precisamos entender o valor humano do problema que queremos resolver”, diz Freitas. “Aí, sim, a tecnologia pode realmente ajudar as pessoas.”