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O que varejistas e consumidores ganharão com a transformação digital?
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Isabella Câmara é repórter do StartSe.
Após a década dourada, que durou de 2004 a 2014, o varejo entrou em uma enorme recessão – as vendas recuaram, o movimento nos shoppings caiu e o desemprego se aproximou de 8%, números que tiveram um grande impacto tanto sobre o consumidor quanto para o próprio consumo no país. Segundo o IBGE, o índice de volume de vendas no varejo caiu 4,5% em 2015 em relação ao ano anterior.
Mas a retração não foi de todo ruim. Segundo Jean Carlo Klaumann, Vice Presidente de Operações da Linx, o período de recessão que o setor enfrenta há três anos trouxe questionamentos importantes ao modelo de negócio dos varejistas e abriu caminho para rever estratégias adotadas há anos. A melhor forma de rever esses conceitos e se reinventar, de acordo com ele, é a transformação digital, pois “ela é um caminho inevitável para que os varejistas voltem a crescer, elevando a produtividade e o engajamento do consumidor”.
A partir da transformação digital, o varejo será conhecido por ter um novo forma, mais conectado. “No e-commerce temos fotos do produto, vídeos, recomendações e descrições de produtos. Por que não podemos ter tudo isso também na loja física? Assim, o cliente teria acesso ao catálogo de produtos e até mesmo comentários de outros clientes sobre o produto que está adquirindo na própria loja física. Por que não levar o melhor de cada canal para complementar outro?”, disse.
Se o varejista apostar nesse tendência, de acordo com Klaumann, a loja física se tornará mais conectada, com mais tecnologia embarcada para que o consumidor tenha uma experiência mais satisfatória. Há pouco tempo, a métrica de performance do varejo era faturamento por metro quadrado, mas agora “toda a estratégia de venda parte do consumidor” e a tecnologia pode ajudar a conhecê-lo. “Uma livraria tem milhões de produtos, mas quando o consumidor entra no site, a loja precisa saber o que oferecer a ele na primeira página. E isso só é possível se a marca entender profundamente o comportamento do consumidor”, explica Klaumann.
Para conhecer o consumidor, de acordo com o especialista, muitas soluções estão sendo desenvolvidas hoje utilizando big data e machine learning. Mas o desafio, a partir de agora, será desenvolver e implantar essas tecnologias para o varejo físico. “A loja física também precisa saber quais ofertas oferecer e se um consumidor gosta de novidade ou não, por exemplo. Informações como essas podem “criar relação mais individualizada entre a marca e o consumidor”, fator decisivo nas jornadas de compra dos clientes.
Desafios brasileiros
De acordo com Klaumann, em relação à oportunidade, o Brasil já tem. O que falta, nesse momento, é uma infraestrutura coerente para alcançar essas novas oportunidades. “A malha logística e a infraestrutura de serviço é um gap importante no varejo brasileiro”, ressalta. “No varejo americano, quase a maioria das vendas online são entregues no mesmo dia, e quando os americanos veem que esse prazo é maior, eles abandonam a compra. Já no Brasil, o tempo médio da entrega de um pedido na cidade de São Paulo é em torno de 4 dias”.
Para o especialistas, quando o desafio de logística for superado no país, em conjunto com as novas soluções para conhecer o consumidor, a experiência dele será melhorada significativamente, assim como o tempo de entrega e o custo do frete, que serão reduzidos. “É uma relação ganho a ganho entre consumidor e varejista […] E isso será comandado pela inovação, que está na linha de frente dessa perspectiva”.
Para falar mais sobre o assunto, Jean Carlo Klaumann, Vice Presidente de Operações da Linx, palestrará na VarejoTech Conference, um evento que trará as principais inovações e disrupções do setor. Não perca!